Já no 9• ano dava-me bem com a J. , deus como eu admiro a J. até hoje. A J. era racional, a J. tinha uns caracóis que odiava e que eu sempre quis dizer-lhe o quão bonitos eram. A J. estudava muito e queria ir para a faculdade como a irmã. A J. não gostava do corpo dela porque todas as revistas lhe diziam que aquele não era o tamanho certo. Quantas vezes eu lhe quis dizer que ela era perfeita, quantas vezes lhe quis dizer que ainda guardo estojo cor de rosa em forma de ursinho que ela me deu pelo aniversário com a lembrança da comunhão que citava uma frase do princepezinho escrito pela mão dela. Quantas vezes lhe quis dizer o quanto a admirava e as palavras nunca me saíam.
Quantas vezes eu guardei moedas para juntar e oferecer-lhe umas all stars brancas ou azuis escuras esperando que ela se sentisse bonita, como se uns ténis fossem mágicos a ponto de a fazer esquecer anos e anos de mentiras que a publicidade lhe meteu na cabeça. Não sei muito da J. hoje em dia, creio que conseguiu a faculdade. Espero que mantenha os caracóis e que um dia me desculpe pelo que quer que seja que eu fiz ou disse e que nos separou. Espero que com ou sem ténis "mágicos" ela tenha conseguido ser feliz consigo mesma, porque no final só nos temos a nós próprios.
Uma conversa num banco de jardim enquanto se comem torradas e café com leite
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
A J.
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